Poucos meses após iniciar minha experiência com o Yoga comecei a buscar informações na web sobre vários assuntos relacionados a prática. Foi quando encontrei um artigo de 2016 de uma mídia internacional de suposta credibilidade, onde o título era o relato de um psicólogo da região de Londres que dizia: “Meditação pode causar crises mentais, em vez de relaxar”.
Entre outras coisas, o texto conta as experiências de pessoas que praticaram técnicas de meditação e “os fez conscientes de sua angústia, mas incapazes de lidar com ela” e que descobriram que a meditação “não era apenas inútil, mas contraproducente”.
O psicólogo afirmou que a maioria dos praticantes de meditação tem benefícios, porém cerca de 25% encontrou o que chamaram de “dificuldades substanciais” incluindo “experiências desafiantes do eu” e uma “dissolução da identidade”.
Citou o caso de uma francesa que depois de um retiro de 10 dias em silêncio, ela não deu conta e relatou que ao voltar para casa não conseguiu seguir com a vida normal, com sintomas de terror e pânico. Segundo ela, teve “despersonalização” quando a pessoa se olha no espelho e é incapaz de reconhecer-se, e também “desrealização”, que é quando o mundo parece irreal.
Minha intenção não é apenas mostrar a desinformação desse artigo, mas levantar alguns questionamentos: Essas pessoas que o psicólogo teve acesso, que afirmaram ter tido essa “má experiência” com a meditação conhecem realmente sua verdadeira identidade? Elas estão cientes que o SER é mais profundo do que apenas um EU que possui CPF, RG e um nome na certidão? E que os desafios que surgem são sombras a serem acolhidas para que esse EU mais profundo se beneficie? Esses conflitos de terror seriam o próprio ego em uma tentativa desesperada de poupa-los e mantê-los na zona de conforto?
Se a pessoa procura uma prática como essa, onde se promete muitos benefícios mentais, emocionais, existenciais são porque os conflitos querem ser trazidos à luz, querem ser revelados e integrados de forma que a vida material flua levemente.
O fato é que nossa percepção cria nossa realidade. O que eu percebo é a minha realidade presente e o que cada um percebe determina a sua própria existência na matéria. Para mim, textos como esse que “achei por acaso” colocam pessoas na posição de vítima e mantém elas sob o controle de um sistema. Algumas pessoas preferem viver dormindo, fugindo da sua sombra, esperando a pílula mágica que vai transformar sua vida.
Quando procurei o Yoga, entendi que o benefício vem, por que exige que mantenhamos a mente com foco consciente em cada parte do nosso corpo, em cada movimento e principalmente no momento presente.
Em uma aula com posturas de equilíbrio a professora avisou: “Muita gente fica nervosa por que não aguenta lidar com suas limitações”, durante a aula estava cada vez mais consciente do que estava acontecendo e só parei de cair quando me harmonizei com a situação. Fui para casa digerindo aquilo tudo e muito feliz.
Talvez a “Paula de uma outra realidade” teria voltado chateada para casa e nunca mais voltado e ainda sairia falado por aí que o Yoga serviu só para ela ficar mais nervosa. É assim que co-criamos nossa realidade, a cada escolha que fazemos diante do que percebemos e julgamos! Sem o conhecimento de como o universo funciona, de suas leis básicas e principalmente do autoconhecimento, essas escolhas podem te levar para uma realidade mais distantes do seu ideal.
Minha dica é: quando se deparar com situações como as descritas por essas pessoas que praticaram meditação com atenção plena ou com alguma técnica terapêutica e trouxer um sentimento “ruim ou não o desejado”, entenda e se harmonize com aquilo, se não conseguir procure a ajuda de um terapeuta holístico, só assim poderá seguir livre. Fugir, só te manterá preso a esses padrões.
Para finalizar, a cura nunca é instantânea, mas ela vem através das ferramentas que são entregues para que você construa sua cura.
Abraços
Paula Ferreira
Psicanalista Integrativa
Jornalista/Mtb 32.490